A participação na sondagem Eco Famílias, promovida pela Fundação ABAE, é de extrema importância, pois permite avaliar o impacto das práticas sustentáveis no dia a dia das famílias e identificar áreas de melhoria.
Ao responder, cada família contribui para o desenvolvimento de políticas e ações que promovem a preservação ambiental e a sustentabilidade. Este envolvimento é essencial para criar comunidades mais conscientes e responsáveis, onde o bem-estar das gerações futuras é uma prioridade.
A sua voz pode ajudar a moldar um futuro mais ecológico e sustentável para todos!
Pode responder neste link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdsVX6jCeh9eVfV63sBBCaFvY144HQ823EA1nTLRv_m7lhV-w/viewform
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Por Alexa Polónio Tavares, do Agrupamento de Escolas Rio Novo do Príncipe
No Rio Novo do Príncipe, em Cacia, encontra-se em construção uma ponte-açude que, embora venha resolver alguns desafios para a região, pode também pôr em causa a sobrevivência de uma espécie aquática mais antiga que os dinossauros, a lampreia. Como manter o equilíbrio entre as necessidades de ambos?
Cacia é uma freguesia do concelho e distrito de Aveiro, localizada perto de Estarreja. É hoje uma das zonas mais importantes do país a nível industrial, onde se encontram fábricas como a Companhia Aveirense de Componentes para a Indústria Automóvel (C.A.C.I.A.), a segunda maior unidade do setor automóvel português do grupo Renault, a Vulcano, a Funfrap, a Navigator, entre outras. De entre os vários elementos importantes para a localidade, o seu rio desempenha um papel fundamental nos diversos setores
Começando no sítio do Murçainho, em Sarrazola, e terminando na Cale do Espinheiro, na ria de Aveiro, o Rio Novo do Príncipe apresenta cerca de 5 km de extensão, sendo o resultado da alteração do percurso primitivo do Rio Vouga, alteração essa que data do início do século XIX. O rio reveste-se de enorme importância para diversas atividades, como a agricultura e alguma operação industrial, como é o caso da empresa Navigator, e ainda para a prática de diversas modalidades desportivas como o remo, o padle e a canoagem, entre outras. De onde surge a necessidade de construção de um novo açude?
Segundo informações prestadas pela CIRA (Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro), a decisão da construção do “projeto INFRAESTRUTURAS HIDRÁULICAS DO SISTEMA DE DEFESA CONTRA CHEIAS E MARÉS NO RIO VELHO E RIO NOVO DO PRÍNCIPE (PONTE-AÇUDE) visa substituir um açude provisório construído anualmente pela Navigator no leito do Vouga (…), formando uma barreira à entrada da água salgada”. Adianta, ainda, que “Este projeto contempla a construção de uma ponte-açude, perto da foz do Rio Vouga, de forma a defender os terrenos agrícolas do Baixo Vouga Lagunar da entrada da água salgada da Ria de Aveiro e da progressão da cunha salina, permitindo também a deslocação das espécies piscícolas a montante e o armazenamento de água para rega nos períodos de estiagem.”
De acordo com os dados facultados pela mesma entidade, “a ponte-açude consiste numa estrutura perpendicular ao rio, reguladora dos níveis de água e das correntes, que compreende em resumo: Estrutura de betão armado (…) com 4 comportas planas (vagão), de abertura vertical; Comportas com 10 m de largura e 6.8 m de altura (…); Açude que compreende um viaduto rodoviário com 2 faixas de rodagem (10 m de largura), ligando as duas margens; Equipamento elétrico e eletromecânico, incluindo grupo gerador de emergência, edifício de controlo, etc, garantindo a sua permanente capacidade de regulação.
O seu funcionamento hidráulico tem como “objetivos - impedir a intrusão salina e permitir o armazenamento de água doce a montante”.
No entanto, a CIRA não deixa de reconhecer o que designou de “Condicionantes - permitir o acesso das espécies piscícolas a montante, em especial nos meses de janeiro a abril; e não agravar as condições de escoamento atuais das cheias.”
Pormenor corte transversal do açude – Foto cedida por CIRA
Imagem atual do açude em construção (cedida por CIRA)
Procurámos compreender as efetivas perdas e ganhos obtidos com a sua construção, agora na perspetiva de investigadoras da Universidade de Évora, associadas ao MARE, Centro de investigação científica, desenvolvimento tecnológico e inovação.
Com competências técnicas e científicas para abordar todos os ecossistemas aquáticos, que desvantagens aponta o MARE, na construção do açude já em curso?
Procurámos compreender que riscos correm algumas espécies aquáticas existentes no rio Novo do Príncipe, nomeadamente, a lampreia, “espécie mais antiga do que os dinossauros”, “espécie campeã da sobrevivência”, que pode agora ver ameaçado ou deteriorado o seu habitat se a ponte-açude não assegurar as condições ideais para o seu ciclo de vida e de reprodução.
As lampreias, ao longo da sua vida, passam por diferentes fases: primeiro, o ovo é fertilizado. Durante a sua fase larvar, enterram-se no sedimento dos rios e alimentam-se por filtração. Nascem no rio, onde permanecem de três a cinco anos, e crescem no mar, onde se irão alimentar de outras espécies chamadas “hospedeiras”, durante cerca de dois anos. Retornam ao rio para se reproduzirem, na primavera e no início do verão, e morrem pouco depois da desova.
Entre várias ameaças possíveis sentidas no mar, como o aumento da mortalidade por falta de presas suficientes para se alimentarem, o aumento da temperatura trazida pelas alterações climáticas e o aumento da predação, que podem pôr a espécie em risco, veem-se, no retorno ao rio, perante a ameaça resultante da construção de açudes ou barragens, caso estes não assegurem a construção de passagens para que consigam subir o rio e chegar ao sítio ideal para se reproduzirem.
Assim sendo, segundo as investigadoras do MARE, é fundamental que sejam criadas condições para que esta espécie tão antiga, quer no planeta, quer no nosso rio, não perca o seu Habitat, o que poderá acontecer num futuro próximo se a ponte-açude se tornar numa barreira que não consigam transpor.
Numa fase em que todas as iniciativas pela sustentabilidade, para aa dar como concluída esta odisseia proteção dos ecossistemas e das espécies em risco é prioritária, não podemos deixar de apelar à consciência de todos e dos principais responsáveis para que sejam garantidas as condições necessárias para que as lampreias do nosso Rio continuem a viver e a reproduzir-se por mais alguns milhões de anos e não tenham, em breve, o mesmo triste fim dos dinossauros.
Por Ana André Sequeira e Rita Oliveira, do Agrupamento de Escolas Rio Novo do Príncipe, Cacia
Dado o agravamento da situação planetária, todas as iniciativas para garantir a sustentabilidade são urgentes. Fomos à descoberta do que, neste âmbito, está a ser feito na nossa freguesia, Cacia, no concelho de Aveiro, entrevistando o seu Presidente de Junta para melhor compreendermos o que é ser uma Eco-Freguesia.
Entrevista ao Presidente da Junta de Freguesia de Cacia, Nelson Santos, na biblioteca da Escola sede do Agrupamento
Jovens Repórteres para o Ambiente (JRA): Muito boa tarde, Sr. Presidente. Agradecemos, desde já, ter aceitado o nosso convite para nos prestar alguns esclarecimentos sobre Cacia ser, presentemente, uma Eco Freguesia, começando por lhe perguntar: De quem partiu a iniciativa de candidatar Cacia ao programa Eco-Freguesias XXI?
Presidente da Junta de Freguesia (PJF): Olá, agradeço o convite. Partiu da escola. Nós vínhamos muitas vezes ao hastear da bandeira do Eco-Escolas e, na altura, um professor referiu que também existia o programa/projeto Eco-Freguesias. Como estávamos recetivos a novas ideias, fomos falar com a associação ABAAE, vimos o que era o projeto, achámos interessante e candidatámo-nos.
JRA: Fale-nos um pouco sobre o processo de candidatura.
PJF: Seria “engraçado” a freguesia mais industrializada do concelho de Aveiro e uma das mais industrializadas do país ser uma Eco-Freguesia e foi por isso que nos candidatámos. Temos grandes indústrias aqui na nossa região, níveis de poluição que eram extremos e achámos interessante, como temos também um fator de natureza, podermo-nos candidatar. Fomos a primeira Eco-Freguesia do concelho de Aveiro, (...). Servimos de exemplo e achamos interessante desenvolver uma série de iniciativas para nos tornarmos uma Eco-Freguesia.
JRA: Quais os pré-requisitos necessários?
PJF: O Eco-Freguesias tem um conjunto de indicadores que necessitamos de cumprir para ganhar pontos. E para conseguirmos atingir esses indicadores ou resultados dos indicadores, temos que realizar as propostas que são feitas pela ABAAE e é isso que nós fazemos. O Eco-Freguesias é o modelo geral; depois temos o Eco-Funcionários, em que os nossos funcionários têm que responder a um inquérito e a outras situações, como, por exemplo, se fazem reciclagem, se usam e como é que usam os combustíveis, entre outros indicadores. Depois, temos também o Eco-Famílias em que abrimos um concurso à comunidade para saber quais são as famílias mais ecológicas da nossa Freguesia e premiamos essas famílias. Existe também o Eco-Escolas, que faz com que as freguesias tenham indicadores mais elevados, e um conjunto de outras iniciativas de natureza ambiental, sobretudo a reutilização dos componentes.
JRA: Quais as principais dificuldades encontradas na candidatura?
PJF: No início não foi [difícil]; no primeiro ano em que nos candidatámos, penso que em 2019, os indicadores eram bastante fáceis e era tudo novidade, por isso, gostámos muito de fazer essa parte. Em 2021, foi muito mais complicado por ser já a segunda vez, por grande parte ser repetição do anterior e pelos indicadores terem mudado muito. A plataforma em que se carregam os dados ficou muito mais pesada e não bastava apenas ter a iniciativa Tínhamos também de ter em atenção o público que esta atingiu e qual o seu objetivo. Houve também vários inquéritos que tivemos que fazer. Em 2023, também foi bastante mais complicado. No entanto, candidatámo-nos novamente este ano.
JRA: Em que medida é importante para Cacia o galardão?
PJF: Foi basicamente o que eu disse: por ser uma freguesia muito industrializada e para fazer o contraponto com as indústrias com implicações ambientais, embora estas também se preocupem e desenvolvam iniciativas, e para mostrar à nossa comunidade que, apesar de sermos industrializados, também temos a componente ambiental e queremos que as pessoas se interessem por ela.
JRA: Tendo em conta os indicadores propostos pelo programa Eco-Freguesias XXI, no âmbito de quais e de quantos deles esteve ou ainda está a nossa freguesia a trabalhar?
PJF: Nós tivemos a melhor classificação de sempre; fomos grau prata, na última candidatura. Nós estamos sempre a trabalhar: estamos a fazer um novo parque, que terá em consideração uma série de indicadores. Também usamos pouca química ou quase nenhuma nas nossas ruas e, sobretudo, corte mecânico; preocupamo-nos imenso com os nossos jardins, que é outro fator; preocupamo-nos em ter eventos com a componente ecológica, por exemplo, mercados temáticos, onde fazemos feiras dos lavradores, as nossas tasquinhas terem copos reciclados ou reutilizáveis, o nosso campo de férias ter a componente também ambiental envolvida, (...) o concurso Eco-Famílias, como o inquérito que vamos lançar brevemente para percebermos o que é que as pessoas pensam sobre a nossa freguesia,...
Imagem de apresentação do arranjo paisagístico do Parque da Fonte do Olho (fonte: Junta de Freguesia de Cacia)
JRA: Considera que existe ou existiu empenho por parte da população em tornar Cacia numa Eco- freguesia?
PJF: Sentem orgulho nesse fator, sem dúvida! Pela questão de sermos avaliados. Nós recebemos os técnicos do Eco-Freguesias, que vêm cá e nos avaliam. Não é só dizermos que somos uma eco-freguesia. (...) Se não houver provas do que melhorámos, o galardão não é entregue.
JRA: As pessoas sabem deste reconhecimento/prémio?
PJF: Sim, sabem e nós também fazemos questão de evidenciar isso!
JRA: Pretende voltar a conquistar este galardão? E existe alguma iniciativa que nós, como população, possamos fazer para dar continuidade ao esforço de fazer de Cacia uma eco-freguesia?
PJF: Candidatámo-nos este ano, novamente, para receber em 2025 o galardão, mas o galardão, o reconhecimento, não é, simplesmente, da junta de freguesia, é da população. E se população puder participar nos eventos e nos inquéritos e em todas as valências do Eco-Freguesias, nós agradecemos, claro que sim. Eu acho que as melhorias são para a comunidade, não são para a freguesia, não são para a junta de freguesia.
JRA: Para si, ser presidente de uma Eco-Freguesia é...
PJF: Um motivo de orgulho, acho que sim, porque ser reconhecido como eco-freguesia é sinal de que cumprimos um programa, é sinal de que estamos no bom caminho em termos de sustentabilidade.
Cacia está, pois, no bom caminho. Agradecemos o testemunho do Senhor Presidente que nos deu a conhecer algumas das iniciativas em curso na nossa freguesia em prol da tão desejada sustentabilidade. Mesmo sendo uma freguesia altamente industrializada, é urgente contribuirmos e participarmos na conquista de uma freguesia mais verde.
As comemorações deste dia voltam a encher as nossas crianças de emoção
Um encontro de autarcas e de ex autarcas será o tema deste anos dos 50 anos do 25 abril.
Terá uma romagem ao cemitério onde se fará uma pequena homenagem aos presidentes já falecidos e um almoço convívio
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